Contato

Mail: danielguzinski@gmail.com
Blog2: http://danieldepoimentos.blogspot.com
Consultório: Rua Gonçalo de Carvalho 209/203, Bairro Independência, POA, RS, Brasil

segunda-feira, 4 de março de 2019

Canções de amor, empatia e comportamento humano

Canções de amor, empatia e comportamento humano

Em pleno carnaval cumpri meu dever e assisti “Nasce um estrela”. A arte me fascina. Indicar filmes é uma dessas tarefas difíceis. Mas taí um baita filme. Bradley Cooper e Lady Gaga estão impecáveis. A trilha sonora é um capítulo à parte. Eu sei, todo mundo tá escutando “Shalow”...impossível não escutar. Aliás: presta atenção na letra. 

O filme é uma forma de refletir sobre o comportamento e as relações humanas. Mas ele vai além. Ele toca em pontos da fragilidade de cada um. Muitas vezes, não basta termos talento de sobra. Há, e isso pode parecer contraditório, uma força que move alguns indivíduos talentosos, criativos e brilhantes para o lado destrutivo de suas próprias vidas. E isso é, ainda, incompreendido por todos que estudam essa, ainda, nebulosa área. Acredito que é simplista demais tratar como um diagnóstico e rotular dessa forma. Aqui também não é espaço para isso. 

Não pretendo dar spoiler do filme, mas o temperamento e a atitude do personagem interpretado por Bradley Cooper é semelhante ao de outros artistas que tivemos a oportunidade de acompanhar durante suas carreiras. Se pegarmos, somente aqui, no nosso país, Cazuza, Renato Russo, Chorão, Cássia Eller...todos inesquecíveis no talento e na originalidade.

Suas obras marcaram, marcam e seguirão marcando a vida das próximas gerações. Suas letras traduzem os mais profundos sentimentos da nossa alma. Suas músicas marcam as nossas vidas. 

Renato Russo diz: “Sexo verbal não faz meu estilo / palavras são erros e os erros são seus / não quero lembrar / que eu erro também”..

Cazuza delicadamente diz: “Pra que mentir / fingir que perdoou / tentar ficar amigos sem rancor / a emoção acabou / que coincidência é o amor / a nossa música nunca mais tocou”...

Chorão cantou: “como se o silêncio dissesse tudo / um sentimento bom / que me leva pra outro mundo / a vontade de te ver já é maior que tudo”...

E a voz rouca de Cássia Eller imortalizou a genial letra de Renato Russo cantando Por enquanto: “Mas nada vai conseguir mudar o que ficou / quando penso em alguém, só penso em você / e aí, então, estamos bem”...

A música vai muito além da questão acústica ou de um jogo de acordes e tons. Ela nos emociona, criando memórias inesquecíveis. Daniel Levitin no maravilhoso livro “A música no nosso cérebro” explica um pouco melhor esse fenômeno. Os “hits” criados e que marcaram a vida de todos nós vão além do processo físico que envolve a onda emitida pelo som. Os hits modificaram alguns caminhos lá dentro. Lembramos de detalhes mínimos do que acontecia naquele período específico de nossas vidas. 

O paradoxo disso é que a criatividade teria surgido do imenso sofrimento que eles estavam sentindo? A pressão daquele instante fez nascer a letra e a melodia? É naquele contexto que nascem as mais lindas canções de amor? Um perfeita contradição, um paradoxo sem igual. Para alguns artistas geniais a expressão de suas emoções surge no exato instante em que o amor ficou parado no tempo e/ou perdido no espaço. 

Buscar a resposta para isso é como ir até o Vale do Silício e tentar criar um aplicativo com infinitos algoritmos tentando explicar o inexplicável. Só existiu um Renato
 Russo. A criatividade humana é única. Em tempos de inteligência artificial e outros avanços tecnológicos fantásticos existem reservas exclusivas do ser humano, tais como a capacidade de sofrer, errar, criar e amar. A empatia não estaria concentrada na letra e na melodia de uma canção de amor? 

Com diz a letra de Shallow:

“I’m off the deep end, watch as I dive in
I’ll never meet the ground
Crash through the surface
Where they can’t hurt us
We’re far from the shallow now”

Se tu não assistiu “Nasce uma estrela” tá perdendo tempo. No mínimo, escuta a trilha sonora...

domingo, 11 de dezembro de 2016

Ascensão e queda...10 anos depois!

"Se eu administrasse uma empresa, iria querer sempre ouvir as ideias dos jovens mais talentosos, pois são eles que conhecem melhor a realidade contemporânea e as perspectivas para o futuro." Alex Ferguson

Faz 5 anos que me dediquei ao estudo aprofundado do esporte de alto rendimento. A primeira lição foi: não há espaço para amadorismo no esporte profissional atualmente. Confesso que pensei que bastava o meu conhecimento escasso para trocar de área de atuação. Ledo engano. 

Comecei a estudar e cada passo que eu dava me indicava mais estudo. Pensei: não será fácil. Tive algumas oportunidades de ir estudando as instituições europeias e entender o profissionalismo que lá impera. E a diferença é gigantesca. Vivo em um país onde o "achismo" domina. Ciência e estudo aqui não fazem sentido. Aqui, basta a experiência prévia. No caso do futebol, a experiência de campo. 

O INTER pagou um preço caro. Nos últimos 10 anos foi do ápice a queda por culpa do envelhecimento de seus dirigentes. O mundo mudou em 10 anos. Tão importante quanto saber perder é saber o motivo que te levou a vitória. Os dirigentes esqueceram e envelheceram. E mais: desaprenderam com um novo mundo do esporte.

No futebol moderno não há espaço para amadores e nem para improvisos. O futebol moderno exige profissionalismo, pensamento coerente, tomada de decisões de acordo com um projeto baseado em ideias claras. Não foi o que vimos. Vimos um presidente arrogante. Seu projeto era baseado num pensamento mágico: "clube grande não cai!". Como percebemos, clube grande cai, sim! 

Que o próximo presidente, Marcelo Medeiros tenha uma ideia clara de futebol. Que ele seja o homem capaz de tomar as decisões corretas nesse momento. Diferente de uma seleção, um clube é feito de seus torcedores. Agora, nesse difícil momento, cabe ao torcedor o processo de união com o clube. A história do Inter sempre foi feita de momentos difíceis. Mas também de momentos grandiosos. As próximas páginas serão escritas e, tenho certeza, com novas glórias. Ascensão e queda são dois lados da mesma moeda. E, durante a história de qualquer instituição, as maiores mudanças ocorrem nos momentos de grande crise. Agora é seguir viagem. Seja na letra que for. Seja na divisão que for. 

quinta-feira, 3 de março de 2016

Stones em POA? Só em sonho...

Ou então atendendo as DUAS exigências dos caras:


1) tocar na goleira OPOSTA ao show do Paul...saca rivalidade? Beatles e Stones? Então...os caras não tocariam no mesmo chão...

2) teria que estar chovendo! Saca Londres? Então...Sir Mick Jaegger queria usar um sobretudo vermelho e um chapéu...os caras queriam sentir-se em casa.

Logo, isso JAMAIS acontecerá...

Meu DVD favorito dos Stones é um de 2008, chama-se Shine a light. É um documentário/show dirigido por ninguém mais ninguém menos que Martin Scorsese. No início do documentário aparece um discussão entre a banda e o diretor, motivo: a banda não divulgou o setilist até entrarem no palco. Os caras entraram no palco sem divulgar nada! Numa nítida provocação ao diretor. A famosa rebeldia do rock. 

O show começa com o tradicional riff de guitarra de Keith Richards. Igual ao meu sonho. A sequência de músicas é perfeita. Faltava apenas You Cant always get...com o tradicional coral no início da música.

No meu sonho, o show seria em POA. Iniciaria da mesma forma. O mesmo riff. O show seria no Beira-Rio, por motivos óbvios. Aliás, haveria uma brincadeira no cartaz do show. O estádio seria transformado na língua que é a marca registrada da banda.

No começo do show cairia uma chuvarada! Sir Mick Jagger teria que buscar um chapéu e um sobretudo vermelho para enfrentar o frio gaúcho que faria em pleno março. Opa...não seria POA! Seria um pedaço da Inglaterra em solo caudilho! Mick e Keith teriam que tocar na chuva! 

Outra surpresa: o show aconteceria na goleira OPOSTA ao show do Paul! Claro, se um pedaço dos Beatles estiveram ali...nós não tocaremos no mesmo pedaço de terra! 

Mas, no mundo ideal, o coral da minha música favorita que faltava no dvd seria executado por um coral gaúcho mesmo! Isso! Tá feito, pode ser o coral de alguma universidade gaúcha.

Mas eu não conseguiria o ingresso. Sim, eu perderia o show. Já estaria conformado que não assistiria os Stones na minha cidade natal. No estádio em que haveria o grenal do rock.  Até que, no dia do show, cairia do além um ingresso na minha mão! Ufa, não vou perder! 

Eles tocariam Paint it Black...mais um riff de guitarra histórico. Mick dançaria Sympathy for The Devil na chuva! Com o coro da gauchada: uuuuuuuuhuuuuu, uuuuuuuuuhuuuuu...

Se estou psicótico, delirante, não me avisem. Se estou dormindo, não me acordem. 

Agora...se isso aconteceu...eu tenho a minha resposta para a famosa pergunta: Beatles ou Stones? PQP...


Ps: o show FOI na goleira oposta...o coral foi da PUCRS...estava chovendo...O show começou com Jumpin Jack Flash...Stones é a minha resposta...mas aceito a volta de ambos p/ um tira-teima! 
Ps2: vou publicar as fotos separadas em breve...

sábado, 12 de janeiro de 2013

Lembrar, sentir, ousar...até o fim!


É inerente ao ser humano a busca de novos desafios. Uma hora ou outra eles aparecem na tua vida. Não tenho dúvida alguma que o primeiro desafio solitário da minha vida foi o vestibular. Posso considerar outros (meio clichês, mas foram!) como caminhar sozinho, abandonar as fraldas, superar o primeiro pé na bunda, etc... Hoje, uma galera vai enfrentar o seu primeiro desafio. Um desafio solitário, exigente, angustiante, exigente. Mas que trará uma recompensa que muda a vida de qualquer um. Passar no vestibular é uma sensação indescritível. E passar no que se quer é melhor ainda. 

Se não der hoje, uma hora dá. O que não dá é pra entender a reprovação como um evento definitivo, terminal, que sacramenta o teu destino. Entrei na engenharia, saí! Voltei pro cursinho e fiquei mais 4 anos tentando passar. Eu não preciso que ninguém me diga como é a dor da reprovação. Eu mesmo senti na pele. Não conquistar o objetivo é uma sensação de fracasso imensa. Por vezes, ficava com a nítida sensação de que passar na Medicina não era pra mim. Por mais que eu me esforçasse, por mais que eu lutasse nada era o suficiente para passar no vestibular de Medicina.

Eu talvez não acreditasse que passaria, mas sabia que seria médico. Mas esse sentimento dicotômico é avassalador para qualquer ser vivo. Como diz Fernando Pessoa (sim, essa frase retumba na minha cabeça!): "quem tem alma não se acalma". Acredito que essa falta de calma é fundamental para a aprovação. Isso significa que temos alma. É nessa hora, quando NINGUÉM acredita em ti, que a alma vai fazer a diferença. "Ok, ninguém acredita, mas eu vou seguir"! Essa decisão é pessoal, difícil e intransferível. Cabe ao próprio indivíduo decidir seguir viagem em mar revolto. Na aviação, o dia ideal, aquele indicado para um voo seguro, é chamado de céu de brigadeiro. Não, o vestibular não é um céu de brigadeiro. Encontrei muitas turbulências no meu voo. Além de escalas e atrasos nas conexões. Mas cheguei no meu destino.

Tô escrevendo esse texto sentado dentro do meu consultório. Depois de ter atendido a tarde toda (sim,  atendo no sábado, mas e daí?). Se hoje cheguei até aqui foi porque tive que passar pelo vestibular. E vestibular vem do latim - vestibulum -  e significa átrio, portal, entrada. Para o cara ser médico ele tem quem passar nessa prova. Hoje, sei que uma reprovação a mais ou a menos não mudaria o meu futuro. Mas desistir teria mudado. Se eu tivesse desistido trabalhar no sábado seria um suplício. Se eu tivesse desistido não responderia milhares de mensagens por mês. Se eu tivesse desistido eu te diria agora: "desiste, não dá"!

Como eu não desisti, hoje eu te digo: NÃO DESISTE! Se tu quer REALMENTE isso vai atrás do TEU sonho. Não ouça os outros que te dizem que é impossível. Como diz a música: "mas pra quem tem o pensamento forte o impossível é só uma questão de opinião, eu disse que só os loucos sabem". Eu não considero meu trabalho um trabalho. E cada vez que compartilho a experiência de atender alguém eu te digo: não tem sensação igual no mundo! Ter a oportunidade de ajudar alguém é uma sensação indescritível. E ajudar nem sempre é dar a dose certa daquela medicação. Muitas vezes, ajudar alguém é dizer a palavra certa. E se tu chegou até aqui eu te digo: boa prova! Não desiste do que tu realmente quer!

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Fazer, mudar e sentir...



É estranho que todo início de ano as pessoas façam as mesmas promessas. O mais surpreendente é que as novas promessas sejam baseadas em tarefas que não foram cumpridas no ano anterior. Ou em anos anteriores. A crença messiânica de que tudo muda depois do último dia de dezembro e uma nova era surge no primeiro dia de janeiro ilude muito.

Postergamos decisões importantes por fatores que nem sempre são relevantes. Deixamos de lado aquela ligação que pode resolver tudo, esquecemos de mandar o e-mail que soluciona a questão. Além disso, colocamos nos outros a culpa pela nossa imobilidade. Ficamos estáticos vendo a vida passar. Como num filme mudo as cenas passam e passam. Somos assistentes de um filme sem intervalos. Aguardando o final - que nesse caso não chega. 

Tomar a decisão de fazer algo não é uma tarefa das mais fáceis. Mais do que fazer é preciso decidir fazer. Essa decisão anterior é extremamente complexa. Somos habituados a fazer escolhas a todo momento. Sejam elas simples ou complexas. Decidir dobrar aqui ou ali representará uma mudança lá adiante. A maioria das pessoas decide iniciar aquela super dieta na virada do ano, outros que iniciarão a academia e virarão atletas, outros que encontrarão o amor de suas vidas. Por aí vai uma infinidade de escolhas. Que precisarão, invariavelmente, serem feitas...

Embora a decisão de fazer a revolução interna e pessoal seja válida, ela está intrisicamente ligada ao ato de mudar. Aqui o buraco é bem mais embaixo. Mudar exige esforço, dedicação, revisão de conceitos, coragem, disciplina. Parece simples quando usamos as palavras. Mas não é. Quantas vezes dizemos que mudaremos e bastam alguns minutos para que tu volte a posição anterior. Estamos habituados com a rotina. Li un texto que o cara definiu hábito de uma forma muito interessante: "hábitos são processos mentais adquiridos". Se adquirimos determinados hábitos é porque eles nos trazem algo de bom. Ou não. O hábito de dormir tarde, o hábito de procrastinar as tarefas que não devem ficar para depois. Ou então os hábitos que nos são tirados a força, sem muita explicação, como no término de um relacionamento. Ali existia uma série de hábitos que eram prazerosos mas, que por algum motivo, foram rompidos. 

Depois de tomar um decisão e de realizar a mudança é que sentimos os reflexos de nossas escolhas. Somos dotados de sentimentos que, num primeiro momento, podem não ser tão agradáveis. O vazio da distância, a solidão do momento, a reflexão pós mudança e o novo contexto. Na real é o medo de um futuro novo e desconhecido. A decisão de mudar pode ser boa ou não. Suas consequências podem ser assustador num primeiro momento (talvez piorem depois...). O interessante é tomar a direção do filme e virarmos protagonistas do nosso próprio longa-metragem. 

Ps: escuto essa música faz mais de 20 anos...ela resolveu fazer sentido agora? Putz...
Ps1: me disseram que essa letra é triste...pode ser...